Açúcar ou salmão? A batalha invisível no seu cérebro que decide seu humor

Alguns nutrientes funcionam como aliados do bem-estar emocional. É o caso do ômega-3, presente em peixes como salmão e sardinha

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Mais do que saciar a fome ou proporcionar momentos de prazer, os alimentos exercem um papel silencioso e poderoso no equilíbrio emocional. Na luta contra a ansiedade, o cardápio pode ser tanto um aliado quanto um vilão. O açúcar, por exemplo, desponta como o principal antagonista: além de provocar oscilações bruscas de glicose, seu efeito no cérebro se assemelha ao de uma substância viciante. “O cérebro a a depender de doses frequentes para manter o equilíbrio, como acontece com certas substâncias químicas”, explica o nutricionista Lucas Antunes, coordenador do curso de Nutrição da Uniabeu.

“Quando consumido em excesso, o açúcar refinado atua como uma droga para o cérebro. Ele causa picos de glicose, que levam a flutuações emocionais, irritabilidade e até a dependência química. Isso afeta diretamente a saúde mental e agrava quadros de ansiedade”, alerta o especialista. Ele observa que esse efeito dose-dependente só ocorre em casos de consumo elevado, ainda muito frequentes na população.

Por outro lado, alguns nutrientes funcionam como aliados do bem-estar emocional. É o caso do ômega-3, presente em peixes como salmão e sardinha. “Esse ácido graxo ajuda na comunicação entre os neurônios e tem ação anti-inflamatória, o que favorece o bom funcionamento do cérebro”, explica Lucas, ressaltando que a suplementação pode ser uma alternativa para quem não consome esses alimentos com frequência.

Outro nutriente essencial citado por ele é o triptofano, aminoácido presente em ovos, leite, banana e oleaginosas. Ele é o precursor da serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar. “Sem triptofano, o corpo não consegue produzir serotonina adequadamente, o que contribui para sintomas de ansiedade e depressão”, afirma. O professor também destaca a importância das vitaminas do complexo B para o equilíbrio do corpo e da mente, facilmente obtidas por meio de uma dieta variada com carnes, ovos, legumes e verduras.

Além dos nutrientes, Lucas chama atenção para a necessidade de um acompanhamento nutricional que leve em conta o perfil e as necessidades individuais. A orientação profissional ajuda a definir quais alimentos devem ser priorizados e em que horários devem ser consumidos. “Se a pessoa fica muito tempo sem se alimentar, pode acabar criando um gatilho para quadros de ansiedade. É comum descontar na comida a ansiedade, a frustração, o estresse do dia a dia. Planejar os horários das refeições é uma estratégia eficaz para prevenir esse tipo de desequilíbrio”, observa.

Outro ponto fundamental é o elo entre o intestino e o cérebro, comprovado por diversos estudos científicos. “Hoje já se sabe que o eixo intestino-cérebro é crucial para uma vida plena. Um intestino saudável, com presença de fibras e probióticos, contribui para a estabilidade emocional. É como se o intestino fosse nosso segundo cérebro”, complementa o nutricionista.

Lucas também alerta para os riscos de dietas desequilibradas e jejuns prolongados, que podem desestabilizar o humor. “Muita gente fica horas sem comer achando que isso é saudável, mas, para a maioria das pessoas, essa prática eleva os níveis de ansiedade. Cada organismo responde de forma diferente, e só um nutricionista pode avaliar isso com segurança.”

Por fim, ele reforça que uma rotina de atividade física é essencial para completar o leque de cuidados com a saúde mental. Alimentação e estilo de vida devem caminhar juntos. “Uma rotina sedentária e estressante desequilibra a química cerebral. O exercício físico, por outro lado, libera neurotransmissores positivos. Por isso, ele também faz parte do tratamento.”

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